Pesquisar este blog

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

A força lírica das Bachianas - Literatura, já 9

Como tenho lidado com o poema abaixo, resolvi colocá-lo nesta seção, a qual antecipo. A poeta da vez sou eu. O texto foi feito este ano, em um momento particularmente difícil, a doença de minha mãe, que faleceu em agosto e a qual homenageio agora, quando o ano se finda, mas de quem não poderei nunca me esquecer. Desejo que a(o) leitora (leitor), clique no vídeo e o veja, enquanto lê meu texto. Assim terá a dimensão do que digo. Ao ouvir as "Bachianas brasileiras n.o 5" - Ária (Cantilena), do genial maestro e compositor Heitor Villa-Lobos, cujo cinquentenário da morte se deu no dia 17 de novembro deste ano, o poema surgiu.

Elegia

Eliane F.C.Lima

As Bachianas n.o 5 tem o desespero do meu presente,
as Bachinas n.o 5 tem.
As Bachianas n.o 5 tocam também o meu passado,
essas Bachianas n.o 5.
As Bachianas n.o 5 dizem o que não posso dizer,

pois minha garganta está sufocada,
minha respiração suspensa.
Minha vida está suspensa.
Mas há as Bachianas n.o 5.
Vivo ali, nas Bachianas n.o 5.
O sofrimento que me mata
soa nas Bachianas n.o 5.
As Bachianas n.o 5 choram o meu pranto por mim.
E, por isso, me salvam.
(26-03-2009)

Agradeço e remeto, mais uma vez, ao YOUTUBE (clique aqui).


4 comentários:

Sonia Schmorantz disse...

Natal...
É o mês de confraternização Agradecimento pela vida
Bênçãos ao filho de DEUS
União, amor, reflexão!

Que o bom velhinho traga um saco cheinho de paz,
harmonia, fraternidade
Que o gesto de ternura se estenda de várias mãos
Que ao som dos sinos
O amor exploda em toda direção!

FELIZ NATAL!
UM ANO NOVO DE FÉ E SUCESSO!

A ilha dentro de mim disse...

Compreendo muito bem esta sua dor, que me faz ecoar a minha. Também perdi a minha mãe há dois anos e ainda sinto coisas que não cabem nos poemas. Mas há pedacinhos que vão saindo, ainda que muito lenta e dolorosamente. A propósito deste seu poema, recordo aqui as minhas "Ladaínhas de dor" (http://ailhadentrodemim.blogspot.com/2008/10/ladanhas-de-dor.html) e a dolorosa "Mortalha" (http://ailhadentrodemim.blogspot.com/2008/10/mortalha.html). São pedaços das minhas "Rotas da dor". Abraço sentido,
LB

Unknown disse...

OI Elaine, que frote e loibertador o poema.... a poesia, a beleza e a melancolia tÊm disso. E vc captou lindamente. Obrigada por seus votos, e querida, tbm não sei das tuas crenças, mas eu sou da turma de Jesus.

ju rigoni disse...

Eliane, o poema é muito lindo.

Sua dor encontrou a salvação possível entre as belas e nostálgicas notas desse grande mestre da música, ainda tão desconhecido apesar do centenário de falecimento.

Nas horas difíceis temos uma certa tendência à "apropriação" de alguma música na tentativa do reencontro com a harmonia, que sempre parece irremediavelmente perdida nesses momentos.
Quando meu pai faleceu, minha dor encontrou-se no canto (alerta) de um pássaro que estava a fazer ninho na árvore que plantei na entrada do meu jardim. ( Se desejar, você pode ler em http://rigoni.wordpress.com/2008/08/09/bem-me-vi/ )

Lembrei-me também de parte de um outro texto que escrevi, lá se vão muitos anos, (e sob um outro tema) mas que cabe direitinho no que senti ao ler esse seu poema:


Meus sentimentos
são "quartos desarrumados"
que, às vezes,
encontro organizados,
não na minha,
mas na palavra do outro...


No Natal, sempre há saudades que sentam-se conosco à mesa da ceia.
Mas precisamos nos dar uma chance.

Então, minha amiga, desejo-lhe muitas alegrias nessa noite em que se comemora aquilo que - não apenas eu e/ou você - o mundo inteiro está carente: renascimento.

Bjs, Eliane. Meus votos sinceros de um Feliz Natal! E inté!