Conheci a escritora Helena Parente Cunha, pessoalmente, na UFRJ, onde dá aulas como professora. Ela me fez a grande gentileza de fazer parte de minhas bancas de mestrado e doutorado. Travei conhecimento não só com sua afável baianice, mas também com sua ficção e poesia, além de sua fecunda e respeitada produção crítica.
Os poemas postados abaixo traçam a trajetória de um eu poético que se interroga, que se analisa, que se expõe.
E a linguagem de Helena, tão elíptica, em sua economia vocabular, é nos poemas o que é nos contos: tão condensada quanto abundantemente expressiva.
E a linguagem de Helena, tão elíptica, em sua economia vocabular, é nos poemas o que é nos contos: tão condensada quanto abundantemente expressiva.
Bibliografia da autora:
Romances: Mulher no espelho (1983); As doze cores do vermelho (1988); Claras manhãs de barra clara (2002).
Poemas: Além de estar (2000); Caminhos de quando e além (2007); Cantos e Cantares (2005); Corpo no cerco (1989); Maramar (1980); O outro lado do dia – poemas de uma viagem ao Japão (1995)
Contos: A casa e as casas (1998); Cem mentiras de verdade (1990); Os provisórios (1990); Racconti (1998);Vento ventania vendaval (1998).
Ensaios: Além do Cânone; Desafiando o cânone; Desafiando o cânone (2); Jeremias, a palavra poética; Mulheres inventadas 1; Mulheres inventadas 2; O lírico e o trágico em Leopardi; Os melhores contos de João do Rio; Quem conta um conto - Estudos sobre contistas brasileiras estreantes nos anos 90 e 2000.
Romances: Mulher no espelho (1983); As doze cores do vermelho (1988); Claras manhãs de barra clara (2002).
Poemas: Além de estar (2000); Caminhos de quando e além (2007); Cantos e Cantares (2005); Corpo no cerco (1989); Maramar (1980); O outro lado do dia – poemas de uma viagem ao Japão (1995)
Contos: A casa e as casas (1998); Cem mentiras de verdade (1990); Os provisórios (1990); Racconti (1998);Vento ventania vendaval (1998).
Ensaios: Além do Cânone; Desafiando o cânone; Desafiando o cânone (2); Jeremias, a palavra poética; Mulheres inventadas 1; Mulheres inventadas 2; O lírico e o trágico em Leopardi; Os melhores contos de João do Rio; Quem conta um conto - Estudos sobre contistas brasileiras estreantes nos anos 90 e 2000.
I. Bloqueio
Helena P.Cunha
onde sopra agora o vento
que levava o que eu dizia?
onde se perderam os nomes
que tantas coisas tiveram?
onde ficaram as coisas
chamadas em minha voz?
e minha voz
como assim subtraída?
gosto de pedra
na saliva em minha língua
as palavras me emparedam
onde houvera minha boca
II. Condição
Helena P.Cunha
advindos
deslocamos formas
na voragem previsível
fugidos
deflagramos desejos
mas vulnerados votos
(ávida a vida)
movidos
somamos vendas
de vedados ápices
abolidos
desvinculamos nexo
em consentido fluir
(havida, a vida)
III. Geometria
Helena P.Cunha
paralela ao espelho
avanço
nos pontos
e nas linhas
que me traçam
as côncavas mãos
onde
me elipso
no riso horizontal
meu rosto
vertical ao
pranto
IV. Quem
Helena P.Cunha
quem me habita provisória
nesta paisagem súbita
onde sou?
quem chora pranto antigo
nos meus olhos contemporâneos
desta viagem?
quem fui quando passei
aqui tão longe
de onde sou agora?
V. Vinda
venho não sei
venho de que sombra
caminhando como
enveredando névoa
venho talvez
de perdido onde
buscando porque
tateando através
eu venho noite
de remoto aquém
rastejando treva
que nasci de mim
3 comentários:
O pouco que é muito; que transborda. Ela consegue transcender a própria concisão, se é que me entende... Você sabe, Eliane, como eu admiro os poetas que conseguem esse feito.
Adorei provar essas gotas, de sabor intenso, da obra da Helena.
"onde ficaram as coisas
chamadas em minha voz?
e minha voz
como assim subtraída?
gosto de pedra
na saliva em minha língua
as palavras me emparedam
onde houvera minha boca"
Bjs, Eliane, e inté!
Uma coleção muito boa de poemas! Imagino a quantidade de bons poemas que a Helena tenha ainda! Gostei dessa amostra, Eliane!
De visita por tu blog Eliane, retomando actividades, corazón aún apretado, espectante, angustiado. Debo seguir nadando para alcanzar la orilla, abandonando en las honduras del mar, dolores, inseguridades, que a todos los seres humanos, en algún momento nos tocan.
Felicidades amiga y felicitaciones como siempre.
Francisca.
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