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domingo, 18 de julho de 2010

O outro... multidão - Literatura de ontem 14

Eliane F.C.Lima

Hoje vou focalizar o tema “o outro”, através de alguns movimentos literários. Já há muito tempo a psicanálise descreveu a formação de um “eu”, em cada indivíduo, diante da constatação do “outro”.

Em minha análise, pesquisei e encontrei esse “outro”, inicialmente, equacionado como “mundo” ou “multidão”, sob o olhar de um sujeito que com ele se defronta. Esse traço, que marca a separação entre ambos, está presente na sensação de estranhamento no olhar em volta, na solidão, responsável por quase todas as desventuras que marcarão a fuga que empreende tal sujeito para dentro de si mesmo, surpreendentemente, tanto no Romantismo, o que é uma marca de seu programa poético, como no Modernismo.
Serão focalizados, de início, dois casos desse "eu" – Narcisa Amália (romântica) e Drummond (modernista) –, o qual se apropria do discurso, que se constrói, portanto, subjetivamente.
Para começar, devo, então, apresentar a poeta, desconhecida do cidadão comum, em comparação com Gonçalves Dias ou Casimiro de Abreu, por exemplo. A explicação é direta: sua condição de mulher. Tendo empreendido uma luta para ser reconhecida em sua época, o futuro foi pelo mesmo caminho, sendo ignorada por quase todas as antologias. Em 1999, porém, a doutora em Ciência da Literatura pela UFRJ Christina Ramalho lança o livro Um espelho para Narcisa: reflexos de uma voz romântica, Ed. Elo, dando visibilidade à poeta. A ela dediquei um trabalho de curso na mesma UFRJ.













Imagem Google e Centro Cultura Narcisa Amália em
S.J. da Barra. Agradeço ao site
"Kamila Viagens" a segunda foto (clique aqui)

Vejamos, resumidamente, sua biografia.


Nascida em 1852,(São João da Barra – 1924/Rio de Janeiro), a poeta Narcisa Amália era filha de Narcisa Inácio de Campos e do poeta Jacome de Campos. Já aos quatorze anos estava casada, tendo se separado do primeiro marido algum tempo depois.
Publica em 1872 seu livro de poesias Nebulosas, cuja autoria é contestada por Múcio Teixeira, tendo corrido na época a versão de que o autor era um poeta que se aproveitara de seu nome. Justifica-se, no entanto, que tal hipótese tenha sua origem em declaração do segundo marido descontente e tenha achado terreno fértil na concepção cultural da época sobre a mulher.
Recebia em sua casa, para saraus, nomes literariamente importantes como Raimundo Correia. Até o próprio D. Pedro II a quis conhecer, embora fosse abolicionista e republicana convicta. Apesar dessa larga aceitação é desconsiderada pelo cânone, até hoje, e foi, mesmo na época, reconhecida por uns poucos antologistas que a citam – Edgar Cavalheiro e Péricles Ramos – como pertencente à terceira geração romântica, embora sua poesia tenha muito do subjetivismo e desilusão da segunda, haja vista o título de algumas como “Amargura”, “Desengano”, “Desalento”, “Saudades”, que enfocam os temas dessa fase.
Tendo publicado apenas Nebulosas (Poesia), 1872 e Nelúmbia (Conto), 1874, trabalhou como escritora em jornais – primeira mulher a se profissionalizar nessa área –, numa atividade social e até política, em defesa da condição da mulher.
Vale a pena se ler uma referência a ela feita por nada menos que Machado de Assis, em um de seus artigos na Revista "A marmota", em 1858:

“A poesia do Sr. Ezequiel Freire não tem só o lirismo pessoal, — traz uma nota de humorismo e de sátira; e é por essa última parte que o podemos ligar ao Sr. Artur Azevedo. As Flores do Campo, volume de versos dado em 1874, tiveram a boa fortuna de trazer um prefácio devido à pena delicada e fina de D. Narcisa Amália, essa jovem e bela poetisa, que há anos aguçou a nossa curiosidade com um livro de versos, e recolheu-se depois à turris eburnea da vida doméstica. Resende é a pátria de ambos; além dessa afinidade, temos a da poesia, que em suas partes mais íntimas e do coração, é a mesma. Naturalmente, a simpatia da escritora vai de preferência às composições que mais lhe quadram à própria índole, e, no nosso caso, basta conhecer a que lhe arranca maior aplauso, para adivinhar todas as delicadezas da mulher. Dona Narcisa Amália aprova sem reserva os "Escravos no Eito", página da roça, quadro em que o poeta lança a piedade de seus versos sobre o padecimento dos cativos. Não se limita a aplaudi-lo, subscreve a composição. Eu, pela minha parte, subscrevo o louvor; creio também que essa composição resume o quadro.”
(In Machado de Assis – obra completa, (Org. Afrânio Coutinho). Rio de Janeiro: Nova Aguilar S.A., 1992, Biblioteca Luso-Brasileira, Série Brasileira, V.3, pág. 832)

Para aprofundar a leitura sobre ela e ver os absurdos falocêntricos ditos então, aconselho a clicar aqui e voltar, no site, para a página 419. A leitura é de arrepiar e imperdível. No blogue "Viva a geologia" (vá por aqui), há muita referência à escritora, incluisve, ligando-a a Chico Xavier.
Vamos aos textos:

Amargura

Narcisa Amália

(...)

Já tive, como todos, meus enlevados sonhos,
Senti tingir-me a face a púrpura do enleio;
E o coração pulsou-me um dia entre delícias
Fazendo arfar o seio.
(...)


Ai! cedo esvaeceu-se a frívola miragem,
E fugitiva, rápida, desfez-se essa ilusão;
Apenas hoje sangra e estua-me sem vida,
O gélido coração.

(...)

O mundo que me vê passar sem um sorriso,
Não vê do meu tormento o horrendo vendaval!
Ele que acolhe e afaga o venturoso, entrega
O triste à lei fatal!...
(...)

Meu Deus! Por que embalar-me o quedo pensamento
Se amor é passageiro, se as glórias são de pó?!
Poetisa – torno a lira às linfas da descrença,
E a ti me volvo só.

Bondoso abre-me os braços, reúne-me a teus anjos,
A eterna ventura almejo palpitante;
Contemplarei o – nada – do seio das estrelas,
Das dores triunfantes.


Desengano

Narcisa Amália

Antes d’espirar el dia
Vi morir a mi esperanza.
Zaraté

Quando resvala a tarde na alfombra do poente
E o manto do crepúsculo se estende molemente;
Na hora dos mistérios, dos gozos divinais,
Despedaçam-me o peito martírios infernais;
E sinto que, seguindo uma ilusão perdida,
Me arqueja, treme e expira a lâmpada da vida!

Feriu-me os olhos tímidos o brilho da esperança;
A luz do amor crestou-me o riso de criança;
E quando procurei - sedenta – uma ventura,
Aberta vi a face voraz da sepultura!...
Dilacerou-me o seio, matou-me a crença bela,
O tufão minador de hórrida procela!

Então, pálida e triste, alcei a fronte altiva
Onde se estampa a dor tenaz que me cativa;
Sorvi na taça amarga o fel do sofrimento,
E a voz queixosa ergui num último lamento:
Era o cantar do cisne, o brado da agonia...
E a multidão passou soberba, muda e fria!
( ... )

Poema de sete faces

C. Drummond de Andrade

(…)
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


Mundo grande

C. Drummond de Andrade

Não, meu coração não é maior que o mundo.
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de me contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
(…)

Mas esse sentimento de que há um hiato entre si e “o outro” e o desejo de mesmo, aparentemente, diminuir essa lacuna pode estar sob um terceiro olhar, externo a tal “eu”. E se naquele de “Mundo grande” o traço da oposição está na apartação dos homens de seu coração, nos dois sonetos abaixo, parnasianos, essa distância traz desdobramentos intensos. Os dois iniciais são de Raimundo Correia (1859-1911), que é, junto a Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, um dos mais destacados poetas do parnasianismo e autor de belos poemas de cunho filosófico, como os abaixo. A Cadeira 5 da Academia Brasileira de Letras deve a ele sua fundação. Para informaçôes complementares, remeto à “Revista Agulha”, bastando clicar aqui.


Mal Secreto

Raimundo Correia

Se a cólera que espuma, a dor que mora
N'alma, e destrói cada ilusão que nasce,
Tudo o que punge, tudo o que devora
O coração, no rosto se estampasse;

Se se pudesse o espírito que chora,
Ver através da máscara da face,
Quanta gente, talvez, que inveja agora
Nos causa, então piedade nos causasse!

Quanta gente que ri, talvez, consigo
Guarda um atroz, recôndito inimigo,
Como invisível chaga cancerosa...

Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!

Mal Secreto

Raimundo Correia

Se em muita fronte que parece calma,
Se em muito olhar que límpido parece;
Se pudesse notar, ler se pudesse,
Tudo o que n'alma existe e vive n'alma!

Entre essa paz fictícia que se espalma
No rosto, a inveja, raro transparece;
Ela que à glória alheia se enraivece,
E que às alheias lágrimas se acalma.

Alma, vítima dessa enfermidade!
Mal sabes que à dos outros sendo adversa,
Tu és adversa à própria f'licidade!

A inveja os risos todos te dispersa:
Menos ódio merece que piedade,
Porque és mais insensata que perversa.

Em ambos os textos, de mesmo tema, um discurso em terceira pessoa faz de uma falta, que marca uma subjetividade em face de um “outro”, seu objeto, como se comprova, no primeiro “Mal secreto”, no “recôndito inimigo” e, no segundo, a descoberta felicidade alheia. Vê-se, inclusive, que essa alteridade é assumida até pelo depositário do discurso – “... que inveja agora/ Nos causa, então piedade nos causasse!” (grifo meu).
E, nos dois, a realçar oposições, o ódio, a inveja. E esse sujeito observado pretende, pelo menos simuladamente – flagrado em “em parecer”, no primeiro soneto e em “paz fictícia”, no segundo –, diminuir essa falta, que, como se vê, só se concretiza na aparência.

Nosso estudo do “eu X outro” vai percorrer, no texto a seguir, caminhos até então não percorridos, principalmente, pela imaterialidade do que virá. Se até então o antagonismo tornava bem explícito “o outro” e o “eu”, quer em discurso próprio, quer em terceira pessoa, agora, revestido de uma sutileza quase impalpável, o leitor tem de estar bem atento para identificar nossos dois elementos. O texto é de Vicente de Carvalho, parnasiano, que se não faz parte da tríade literária acima enunciada, foi tão conhecido, quanto os outros três (para aprofundar informações, remeto ao site “Biblio.com.br”, indo por aqui)
Vamos conhecer o poema:

A Invenção do Diabo

Vicente de Carvalho

Deus, entregando ao Diabo a metade do mundo,
Deu-lhe a parte pior, como era de razão;
E, para arrecadar seu patrimônio, o Imundo
Foi forçado a varrer todo o cisco do chão.

Tomando para si todo o imenso tesouro
Da Bondade e da Luz, do Amor e da Harmonia,
Pode o Senhor fazer esbanjamento de ouro
Nas estrelas da noite e no esplendor do dia.
(...)

A Satanás, porém, coube em partilha a treva,
O ódio como prazer, como covil um poço,
E ele lá no seu reino escuro a vida leva
De um cão magro a que dão muita pancada e um osso.
(...)

Só uma vez Satã respirou satisfeito,
E arregaçou-lhe o beiço um pérfido sorriso:
Quando, acaso, ao sair do seu covil estreito,
De repente se achou dentro do Paraíso.

A primeira impressão que teve foi de inveja:
Daquele estranho quadro o imprevisto esplendor,
Só lhe pode arrancar à boca malfazeja
Uivos de cão ferido, imprecações de dor.

Mas, de repente, como o corisco clareia
O tenebroso céu nas borrascas de agosto,
Uma ideia triunfante, uma sinistra ideia,
Fuzilou-lhe no olhar e iluminou-lhe o rosto.

Sobre um macio chão todo em musgos e rosas,
Eva, formosa e nua, adormecera ao luar:
E sobre a alva nudez dessas formas graciosas
Satã deixou cair um desdenhoso olhar...

Mas num sonho talvez de cousas ignoradas,
Num desejo sem alvo, imperfeito e indeciso,
Eva os lábios abriu – e abriram-se, orvalhadas,
De um suspiro de amor, as rosas de um sorriso.

Espantado, Satã viu que esse mármore era
Animado e gentil, ardente e encantador;
Como um resumo viu de toda a primavera
Na frescura sem par daquela boca em flor.

E foi somente então que o Príncipe da Treva
Imaginou o Amor furioso e desgrenhado,
E resolveu fazer dos róseos lábios de Eva
O cálix consagrado às missas do Pecado.

Lábios feitos de mel, de rosas ao sereno,
De céu do amanhecer franjado em rosicler...
Entreabriu-os Satã, e enchendo-os de veneno,
Sorriu. Tinha inventado o beijo da mulher.

Está claro que não foi sem prurido que postei o texto acima, achado, bem como Raimundo Correia, em DUQUE-ESTRADA, Osório. Tesouro poético brasileiro, 2 ed.. Rio de janeiro/São Paulo: Livraria Francisco Alves, 1926. Mas negá-lo seria ignorar a realidade, pelo menos do século XIX.
A poesia, narrativa, é conduzida por um discurso, à primeira vista, feito em terceira pessoa também. Mas a Análise do discurso já nos ensinou a encontrar a subjetividade onde menos se imagina. E a ressaltar que subjetividades sempre correm em um leito ideológico. E aí é que está a questão.
Vejamos apenas alguns de seus traços: o enunciador, dentro da dicotomia Deus/Diabo, vai assumindo uma posição em favor do primeiro – “Deu-lhe a parte pior, como era de razão”–, claras desde os atributos com que descreve o segundo: “o Imundo”, “pérfido sorriso”, “boca malfazeja”.
Já podemos, nesse caso, identificar um “eu”, que se coloca como masculino – o final do poema encaminha para isso – e, portanto, posso nomear como coletivo. Percebe-se isso naquele “beijo da mulher”, invenção do Diabo diz o título, criado para tentar qualquer “eu” masculino e comprometido com o divino. E que tem Deus a seu lado, o que, convenhamos, não é pouco. Isso dava o grande poder aos faraós. Do lado oposto um Diabo, que arrebata Eva do Paraíso.
É preciso salientar que, no texto literário, mais gravemente que no bíblico, não há serpente a tentar a mulher e seu pecado faz parte de sua substância, como se pressente em “num sonho talvez de cousas ignoradas”, “desejo sem alvo, imperfeito e indeciso”, nos lábios que abrem, com um suspiro já de amor – pasmem! - as rosas de um sorriso. E ela é toda descrita como sedução: “formosa e nua”, “a alva nudez dessas formas graciosas”, “boca em flor”,“róseos lábios”, “Lábios feitos de mel”. Foi o semblante de Eva que tornou Satã espantado e deu a ele a ideia, meio encantado ele próprio.
O adjetivo da antepenúltima estrofe “ardente” – que arde, que está em chamas – referente a mármore, o corpo de Eva, não é uma escolha qualquer. Eva era já pura lascívia. O “veneno”, que o Diabo lhe colocou nos lábios, era apenas uma segurança a mais, é permitido supor. E assim, marcada com o sinal da malignidade, que já é sua própria essência, segundo o texto, a Mulher é transformada, para sempre, no “outro”.

5 comentários:

Carmem Teresa Elias disse...

Adoro a oportunidade que vc nos dá de conhecermos autores até então fora de nosso alcance...Lendo Narcisa Amalia( pela primeira vez aqui) e sua análise me vem em mente a busca pelo' eu' em Ulisses e Penélope.Enquanto reflexo um do outro, as personagens sintetizam respectivamente as buscas do eu x mundo (exterior) e do 'eu' x 'eu'(interior)... Seu texto de hoje nos permite acompanhar essa busca do ser humano por si mesmo ao longo da caminhada literária em diferentes tempos...Gostei muito da reflexão que sua página me trouxe para hoje. Forte abraço.

Andre Pinto disse...

Prezada Dra. Eliane,
Foi com satisfação que vi o seu comentário em meu blog!O meu blog procura mostrar a identidade do município sanjoanense e também as questões ambientais. O meu saudoso pai, João Oscar,escreveu o livro "Narcisa Amália - Vida e Poesia" e a capa deste livro foi elaborada por mim. Ele faleceu em 2006 vítima de um AVC, mas a bandeira de lembrar sempre o nome da poeta, ficou conosco. Você poderá conhecer um pouco da história de meu pai no Blog Pró-Memória João Oscar, no seguinte endereço:
www.poetasanjoanense.blogspot.com

No mais, sempre fico muito feliz quando fazem menção ao nome de Narcisa Amália! A propósito, a TV Senado fez um documentário sobre as mulheres brasileiras e aparece a história resumida de Narcisa Amália em uma ilustração de época. Eu emprestei este DVD para o Centro Cultural Narcisa Amalia e não me devolveram.
Grande abraço
Andre Pinto
Bacharel em ADM - Feso
Técnico em Turismo - IFF
Assessor de Planejamento e Gestão Ambiental da Sec. Mun. de Meio Ambiente de S. J. da Barra

Tuca Zamagna disse...

Você anda endiabrada, Eliane!
Depois da sensacional postagem anterior, sobre a Zulmira Ribeiro Tavares (que o beócio aqui não conhecia), esta, tão deliciosa quanto!

A propósito do "outro", ontem fiz uma descoberta sobre um "eu" que me deixou empolgado. Trata-se do "eu" narrador num inédito soneto de adolescência do Campos de Carvalho, romancista surrealista que adoro. Comparando o poema com o quadro no qual foi, declaradamente, inspirado o poema, descobri que o "eu", por sua localização no quadro, era um morto!!!

Assim que conseguir uma imagem melhor do quadro, farei uma postagem sobre o assunto.

Beijos

P.S.: A revista Agulha fez, há tempos, uma postagem sobre "Os sinos de Is", o livro inédito do qual faz parte o referido soneto. Meu exemplar dos originais tem lugar de honra na minha estante, pois é uma reprodução em xerox da "boneca" que o próprio Campos datilografou, diagramou e encadernou!

ju rigoni disse...

Oi, Eliane!

Tendo o outro na mira da pena, o eu pensa estar separado dele e, então, denuncia-se; revela o que só aparentemente não existe porque muito bem guardado, - em verdade, mergulhado em sua multiplicidade... Defrontar-se com o outro é afrontar-se; não vislumbrar uma real possibilidade de iguais potencialidades. A apropriação que um faz do discurso do outro é uma confirmação; o outro não mora ao lado. Mora dentro.

Sempre "viajo" depois de ler suas excelentes publicações.

E devo a você o prazer de conhecer a poesia e um pouco da história da Narcisa Amália.

Bjs, Eliane, e inté!

Anônimo disse...

Oi é a 2ª vez que li o teu blogue e reflecti tanto!Bom Projecto!
Cumps