Este espaço se destina a meus comentários sobre esse mundo que tanto gira, mas está sempre no mesmo lugar. Como tantas outras pessoas, desejo mudanças.
Eliane F.C.Lima
Recebi em minha mala de e-mails um vídeo sobre um grupo teatral humorístico, cujo nome me recuso a divulgar. Muito telentosos, muito engraçados. Até o momento em que resolveram classificar como pleonasmo - repetição de palavras com a mesma idéia - o binômio "mulher burra". Fazia parte da piada, ainda, dizer que as mulheres não vaiaram logo, pois custaram a entender. Surpreendi-me mesmo com muita mulher rindo.
A primeira pergunta que me surgiu foi o motivo pelo qual aquelas mulheres não se indignaram seriamente. É o caso mais cruel de violência, quando a vítima ama o violador. No caso das mulheres, os homens são seus pais, seus maridos, seus filhos. É quando o ser diminuída não lhe parece coisa grave.
Mas o que me deixou mais intrigada foi o fato de que, em alguns outros casos, legalmente, emitir opiniões negativas sobre grupos pode levar a grande prejuízo. As avaliações desairosas sobre judeus leva à conclusão de antissemitismo e o imprudente a um processo de consequências desastrosas; enunciar publicamente juízo de conteúdo depreciativo sobre negros leva à cadeia. Concordo plenamente com os dois casos. É assim que deve ser.
Mas a questão é: qual o motivo para um enorme contingente de seres humanos poder ser ofendido impunemente e outros, não? Ficou claro que difundir ideias desabonadoras sobre as mulheres é apenas brincadeira, piada. Sobre homens, não, é ofensa, e ofender homens é passível de punição. Se há mulheres judias e negras, não é a favor delas que a lei se coloca, mas para proteger segmentos onde haja seres do sexo masculino. Aquelas mulheres são protegidas apenas colateralmente. Sorte delas.
A situação fica muito diferente, quando as mulheres, e apenas elas, são as ofendidas. A "lei Maria da Penha", provavelmente - não conheço inteiramente a lei -, deve se referir à violência física. Juiz nenhum condenará um homem, pertença ele ou não a uma companhia teatral, por ofender praticamente a metade da população mundial representada pelas mulheres. O magistrado se pegará, com certeza, rindo e aplaudindo o grupo.
As leis só serão feitas, quando o costume mudar e as mulheres se indignarem. Para que isso se inicie nós, mulheres, devemos no mínimo, não passar adiante vídeos desse tipo. E devolver a mensagem para quem nos houver enviado, alertando e estimulando o boicote. Se amamos nossos familiares do sexo masculino, amar e respeitar a enorme parcela humana a qual pertencemos, no entanto, deve ficar em primeiro lugar.
(Voltar para 26 de setembro de 2010, clicando aqui.
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