Tive o privilégio de conhecer a escritora Maria de Fátima Bessa, quando eu e ela participávamos do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da Mulher na Literatura (NIELM) da UFRJ. Li um de seus romances – hoje ela já publicou também Eros e Tanatos e A Menina de Nova Cruz, tendo outro já em andamento – e conheci seus poemas, que me apaixonaram. Quando iniciei este espaço, imediatamente escrevi para ela pedindo seus poemas. Eles vêm abaixo para que mais pessoas se apaixonem.
Poema I A casa sem idade Dos caminhos repisados de minha infância trago os aclives das colinas o abraço solene ao transpor o limiar de meu primeiro mundo quando o sol declinava crepúsculos violáceos sob o repique festivo dos sinos! Poema II Meu pai plantara um pé de coqueiro frágil com o tempo o vento lhe adquiriu uma corcunda os cachos dependuravam-se nela arredondando cocos! Poema III Devoção de fé
Destruam-me os mais cândidos desejos os votos de amor cristalizados as lembranças mais doces e singelas dos beijos e dos amores enluarados Profanem até as lápides de meus mortos os lutos mais severos do passado Mas não me roubem por Deus por caridade a casa da infância ensolarada! Poema IV A casa materna envelhecia mistérios refugiava segredos madrugava recantos anoitecia sótãos e porões onde arcanjos buliçosos espantavam morcegos noturnos! Poema V Um galho espantou-se entre as folhagens verdes de um ninho Um silêncio emudeceu-me os passos meus olhos acharam uma papoula grávida chocando ovos de passarinho! Poema VI Ah! Se me alcançasse o Deus de minha infância eterno de milagres e falto de pecados!
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